Suicidiária e outros poemas, por Bórgia Ginz
Suicidiária
Escrevo em desalento fortes sonhos castrados por mim
Incógnitos de cor verde que me penetram para logo me
Despejarem dor e acidez nos cabelos velhos e deslavados
Que eu sei serem meus na escuridão do meu ventre só
Estou ameno, colhido na turva água do dia findo
Finalmente no arcanjo que chora com o gelo
Nas suas mãos doidas de espinhos a fremir
Ferozes pilares que se encontram adormecidos por baixo dos corpos
Dos olhos de jóias perfuradas na noite pobre do meu querer
Enfeitas-te, oh, querida noite que tanto foste travo e testa
Cheia de rosas em semblante de oiro e que agora me
Deixas virgem de cor e som, escorregadio na neve
Eu vejo a tristeza dos meus queridos braços e pernas
Tatuados por amigos de cinza nos olhos febris
Eu vejo a amizade que os meus membros têm por mim
E que eu não aconselho ao fim da mármore alta do Judeu
Eu vejo homens violados por mulheres imaginárias
Nas esfíngies violentas do adeus sonâmbulo
Na noite adocicada do teu encolher de ombros
Nascem os tornozelos dos anjos cantantes
Das misericórdias supremas
Em fins de tardes coçadas por mãos de Deusa
Cruel e anónima, com os seus dedos esguios
A esvoaçarem nos campos de ervas cheios
Como os olhos dos felinos que se atravessam
Nas estradas onde não passam carros
Como os mendigos de pão no bolso que se afastam
Em ondas de pernas brancas e lisas no escuro
Como o suco de sexos usados em quartos de
Paredes vazias com os mirones entrecortados
Como a execução gráfica do condenado em páginas
Adoradas e torpes como violetas e narcisos murchos
Como as veias que sangram e dão vida a corpos
Nus que se estendem pela manhã nascente
No fim do mundo agonizante que quer pêndulos
No seu sexo guarnecido a jóias milenares
Eu sei que nasci para viver todos os dias
Com as mulheres que eu não conheço todas doidas
A fazerem carícias nas grades do meu calabouço suspenso
No ar imundo que eu respiro para morrer
Os pássaros que eu tenho no meu peito com cabelos
Não são meus nem eu quero aprisioná-los com
Palavras doces e mãos abertas em amor na ponta dos dedos
Quero-os a pisar terras que eu não sei
Que eu nunca sonhei mesmo depois de ter sonhado
Tal como as sombras que se abatem por sobre as paredes nos
Finais de tarde esquecidos e não violentos por serem sóbrios
Queria poder aspirar o odor dos gatos quando estão com cio
E em cima dos montes altos suspiram amor a cobrir-lhes o pêlo
Há na fome do mundo todo um olhar vazio que se detém
Sobre a minha nuca e eu piso com os dentes que se afastam
Amantes longos
A alavanca puxa o tronco caído,
verme latente a três dimensões,
que se dissemina pelos poros que assombram
beijos de cores disformes que se afastam.
Anjos supremos diletantes em esforço
anunciam a queda fuzil de tempos novos
lestos alheios de antas vazias.
Nervocide beija o amante morto em furo.
O amante puxa a alavanca que se anuncia feroz
e permanece em força bruta entre os seus dedos de carmim.
O seu corpo beija Nervocide pela metafísica
e percorre os elos que faltam na obscuridade latente
entre olhos vazios furos de morte e espasmos senis.
As peles deixadas ao acaso sussurram perenes.
E a Bela deixa cair os braços pelos tendões.
Plano inclinado
Lamento sempre o que vem
e o que te tem
para bem longe do Unicórnio dourado
da minha lonjura.
Esta doce estranheza que embarca
sublime rumo ao monstro
que se deita comigo no fim de mim.
No fim é sempre plano.
Penetramus é o assombro do real inquebrável!
Viajo no encalço do tempo
meio perdido na imensidão do buraco
que nasce a meus pés
pelo movimento dos meus pés
que me enterra enfim sempre aqui.
Este impenetrável assombramento
do que foi e nunca será
a absoluta conjugação da Pirotécnia.
No fim é sempre plano.
Penetramus é o assombro do real inquebrável!
Bronssi
Lon Min of tuly
Ie donc par beltran
Ka ess kas et june
Ik tong pum pum
Sor per la fool des viles
Ik tong pum pum lokes
Dir fias el transksection
Jor lion filles et kas ess kas
Rimbaud loked in furt
Gonmeyer flip flop transisteur
Duct ca los tier
Ta beltran et ka ess kas