Alsa Marítima
Alsa Marítima
Vivo na indulgência.
Tremo o acaso que atormenta
a outra geração.
Louvam os salmos!
Sanguessugas.
Esperar as coisas é tão fácil.
Esperá-las na plenitude da sua potência.
Desejar, enfim,
o que não se alcançou porque ainda está longe.
Mas está.
Enfim,
o acreditar na especialidade do outro.
Continuamos presas desta
espera do fim claro,
numerável pela glória da não existência,
o que funde o adeus
e o torna a única ponte para o destronar dos anjos.
Merda para isso tudo!
O aniquilamento é bem vindo se for de precisão.
Uma tesoura analítica
que corte a direito pela base do crâneo até
a aresta mais fina daquilo a que chamamos
o orgão dos sentimentos.
Para lá dos tempos todos.
Sem que haja qualquer confusão a
perturbar o pleno explendor do quadro que
se apresenta enfim belo,
enfim único,
enfim real,
acabado.
Merda para isso tudo!
O que interessa é baixar as
calças e louvar a existência da erva
que pica no seu movimento procriado pelo vento.
Não somos punhais.
As adagas deixam-se entre os lençois quando
se quer matar um amante.
O veneno será sempre mais estético.
Juca Pimentel