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Musas



Juca Pimentel
Airf'Auga 5

O degredo da penumbra

Juca Pimentel
O degredo da penumbra Lambo-me todo no degredo da penumbra que esbelta progride pelo nunca do sempre. Olho-me de lado e vejo-me na morte que mata e solene me espia quando mais quero estar só. Vejo-me ponto negro no negro, aquele que é não. Alimento-me nos poros, do desperdício, em [...]



Airf'Auga 5

O Anjo matante

Juca Pimentel

Nas cidades estão os cheios de amor.
Como eles cantam os olhos na noite,
os sentidos na noite,
os mortos na noite,
e as miragens da além noite,
da cor toda no negro da noite apunhalada!,
mas como os olhos são mesmo
a noite dos sentidos mortos por punhais, miragens!



Airf'Auga 5

Zero Zero & Necrocyber

Juca Pimentel

Meto as mãos nos bolsos, sem fundo, como costume, ou com o fundo premeditado do meu elementar vazio, aquele que me perturba e dilacera como um boi. Assassinar o quotidiano como fazer amor ao Sol, eis o que me resta, neste tempo de nuvens e frio negro.


Bórgia Ginz
Airf'Auga 5

II

Bórgia Ginz

De facto, as forças produtivas, por si só, não conseguem determinar a sua necessidade. Isto é, a sua necessidade será apenas valorativa sob o ponto de vista da sua orientação, do objecto final da sua actividade, e não como dogma assumido no seio da inércia: um operário é, logo existe. A ser assim, será satisfeita apenas a necessidade dos orientadores das forças produtivas, dos detentores únicos do capital.



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Caralho

Juca Pimentel

Disperso-me no ridículo.
Mas com uma garrafa de vinho á minha frente.
Isto de ser ridículo
tem que ser bem regado com álcool tinto.
Para que dê cor e ambiência.


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A arte é a sublimação do engate

Juca Pimentel

O artista não é quando pensa que é. Ou então é o maior, se andar no engate. Toda a gente coloca os seus berloques, como penas de pavão da alma eléctrica que as endiabria. Uns é o porsche, outros é o curso ilimitado na maior Enfermaria do mundo, outros é o dinheiro assombroso que tudo dá, ou as mulheres que interessam pela quantidade. Uns dizem que amam em demasia, outros que nunca amaram senão a amargura. Mas toda a gente que coloca as suas penas ao lustro anda a querer engatar alguém…


Bórgia Ginz
O Anormal

Antes morto que mal vivo

Bórgia Ginz

Antes morto que mal vivo. O tempo é apenas o resíduo da nossa memória mais violenta, evolui segundo a expectativa que dela nasce, e assim morre, quando o desencanto surge no limiar da porta. Os olhos todos do abismo estão presentes nesse belo momento. O microsegundo eterno do adeus.
As sombras que eu deposito no passeio que me acolhe estão gastas demais para daí retirar qualquer conveniência. Eu próprio me afundei na constatação do final urgente, da misericórdia sem meios capazes, no azul dos olhos que são castanhos. Não importa se o final tem mesmo um fim, ou se é apenas mais um adiar constante e firme sem ser convincente, ou se a mente apenas procria as imensidões sem as poder antever no corpo. O caso não é para agonias nem pesares. Tudo pode ser corrigido. Um gesto. Um olhar.


Airf'Auga 5

Objecto criativo versus amplexo masturbatório

Juca Pimentel

O objecto da criação é normalmente confundido com o retorno em forma de cagalhoto que da sua realização se obtém. O fantasma dos protótipos, assumidos no seio do grupo, aquele que se regenera em turbina através dos tempos e que reclama existência em revolta, esse mito da prosperidade cultural, é a versão mais acabada e aproximadamente perfeita da moca pré-histórica que tantos estragos causou nas primeiras famílias homnídeas: devassa tudo e todos que da sua beira se aproximam.


Bórgia Ginz
O Anormal

Merda para o tempo

Bórgia Ginz

Merda para o tempo… Não sei o que fazer: sentar-me ou quedar-me deitado, a ouvir o vento a bater na vidraça. O dia está-me no sangue como se tratasse de poeira, não o sinto, excluído está de tão fútil ser. Mas está-me no sangue. E por isso mesmo fico alheado e exaltado ao mesmo tempo, pois que tudo me ameaça cair em cima dos ombros já bem pesados. Tenho vontade de correr os cem metros! Mas as forças abandonam-me já, estando ainda o desejo tão próximo. O desejo… Tudo o que nós ambicionamos com o punho viscoso do nosso querer, tudo o que se afasta enquanto nos aproximamos demais. É o excesso que nos deixa alheados.


Airf'Auga 5

Manifesto caralhótico

Juca Pimentel

Camaradas, a falência do intelecto enquanto entidade abstracta e própria de cada um, a falência da acção como processo de construção de algo que caracteriza a qualidade de um ser, a falência do processo homem enquanto detentor da máxima inteligência, logo da máxima verdade, esta falência enorme, é a vossa. Sim, porque de facto neste preciso momento riem-se do que leram ou olham para o outro.


Bórgia Ginz
O Anormal

Café

Bórgia Ginz

No salão do café só estão agora alguns casais de idosos. Parece-me estar na fronteira de dois mundos que não coexistem de uma forma harmoniosa. Do lado de fora do café vagueiam os seres apressados, de objectivos bem definidos e ansiosos. Os jovens. No lado de dentro permanecem os idosos, cuja vida passou em frente a seus olhos sem deixar as marcas de uma missão. Eu estou bem encostado à montra, com uma janela enorme, com os olhos postos nas pessoas que passam lá fora, mas com a alma bem dentro da escuridão do salão. Sinto-me, (que absurdo eu sentir-me assim), o fiel da balança que nunca se equilibra, pois o peso morto da velhice é bem mais leve que todas as vidas que ainda viverão até ao futuro.


Juca Pimentel - A Arte e a sublimacao do engate
Zerox NON

Osmose tratus

Bórgia Ginz

A partir do momento em que o desfazamento entre o indivíduo comum e a tecnologia seja tão grande que não há outra hipótese senão a de haver intermediários pagos, como quase é agora, está tudo fodido…


Bórgia Ginz
O Anormal

Memória

Bórgia Ginz

A memória perdura na minha mente. Ainda… Faltam os acasos todos subtis, para que o assombro do sentir se volte para mim e me faça vibrar no escuro do meu quarto escuro.

Como todas as coisas que se fazem amenamente, o vicio já não tem a sua conta de maravilha, ele eclipsou-se para sempre em vagas de sonho inconcreto, velho, menos amoroso do que a rocha mais dura e inviolada. É a miséria a vibrar os seus golpes cruéis e certeiros.


Bórgia Ginz
O Anormal

O encontro

Bórgia Ginz

Eu tinha chegado há pouco àquela cidade, devido à necessidade de conseguir trabalho, isto depois de uma breve passagem pelas salas escuras e anónimas de uma pequena instituição de ensino superior do interior, quando conheci S. e aquele grupo heterogéneo de amigos no meio do qual eu agora me passeava. Eu era de qualquer forma um estranho, um out-sider naquela cidade, eu, que conhecia o mundo através dos livros que lia, vivendo até então uma vida ascética e inóqua de prazeres modernos. De maneira que toda aquela grandiosidade das formas exercia uma espécie de fascínio sobre mim, apesar de nos primeiros tempos a dificuldade em me adaptar fosse quase penosa e me fizesse ter vontade de fugir, de escapar das pessoas e dos seus tentáculos de amizade. Até que conheci S., durante um episódio assaz singular.


Bórgia Ginz
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Estruturas & utilizador III

Bórgia Ginz
Estruturas & utilizador III - Tópicos A estrutura dos dois pontos apoiados no terceiro. A estrutura dos três pontos. As ligações fortes estabelecem-se pelo contacto e primazia dos dois sobre o terceiro. A questão é: quais dois se unem para contrabalançar o terceiro. Unem-se dois a dois alternadamente. O Espaço [...]


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    Morel – ACT9
    ACT9

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