Airf’Auga
A natureza da carne é bem mais complexa do que a do espírito
Labaredas que se afogam para dar vida terra que sente demasiado a sua lenta secura. Numismática. Olhos polares. Frenesins.
Anemómetro de pedra perfurada pelo teu semblante
Os miseráveis tombam pelas praias daninhas
de tempos imemoriais
Furtam o vento com as pontas dos cabelos em desalinho
e procriam o efémero como se fosse uma mulher
O Anjo matante
Nas cidades estão os cheios de amor.
Como eles cantam os olhos na noite,
os sentidos na noite,
os mortos na noite,
e as miragens da além noite,
da cor toda no negro da noite apunhalada!,
mas como os olhos são mesmo
a noite dos sentidos mortos por punhais, miragens!
Alsa Marítima
Vivo na indulgência.
Tremo o acaso que atormenta
a outra geração.
Louvam os salmos!
Sanguessugas.
Esperar as coisas é tão fácil.
Zero Zero & Necrocyber
Meto as mãos nos bolsos, sem fundo, como costume, ou com o fundo premeditado do meu elementar vazio, aquele que me perturba e dilacera como um boi. Assassinar o quotidiano como fazer amor ao Sol, eis o que me resta, neste tempo de nuvens e frio negro.
II
De facto, as forças produtivas, por si só, não conseguem determinar a sua necessidade. Isto é, a sua necessidade será apenas valorativa sob o ponto de vista da sua orientação, do objecto final da sua actividade, e não como dogma assumido no seio da inércia: um operário é, logo existe. A ser assim, será satisfeita apenas a necessidade dos orientadores das forças produtivas, dos detentores únicos do capital.
Um odor matinal é o teu véu
Um odor matinal é o teu véu, e nas tuas pernas tens a luz do encanto pleno.
Caralho
Disperso-me no ridículo.
Mas com uma garrafa de vinho á minha frente.
Isto de ser ridículo
tem que ser bem regado com álcool tinto.
Para que dê cor e ambiência.
A arte é a sublimação do engate
O artista não é quando pensa que é. Ou então é o maior, se andar no engate. Toda a gente coloca os seus berloques, como penas de pavão da alma eléctrica que as endiabria. Uns é o porsche, outros é o curso ilimitado na maior Enfermaria do mundo, outros é o dinheiro assombroso que tudo dá, ou as mulheres que interessam pela quantidade. Uns dizem que amam em demasia, outros que nunca amaram senão a amargura. Mas toda a gente que coloca as suas penas ao lustro anda a querer engatar alguém…
Objecto criativo versus amplexo masturbatório
O objecto da criação é normalmente confundido com o retorno em forma de cagalhoto que da sua realização se obtém. O fantasma dos protótipos, assumidos no seio do grupo, aquele que se regenera em turbina através dos tempos e que reclama existência em revolta, esse mito da prosperidade cultural, é a versão mais acabada e aproximadamente perfeita da moca pré-histórica que tantos estragos causou nas primeiras famílias homnídeas: devassa tudo e todos que da sua beira se aproximam.
Manifesto caralhótico
Camaradas, a falência do intelecto enquanto entidade abstracta e própria de cada um, a falência da acção como processo de construção de algo que caracteriza a qualidade de um ser, a falência do processo homem enquanto detentor da máxima inteligência, logo da máxima verdade, esta falência enorme, é a vossa. Sim, porque de facto neste preciso momento riem-se do que leram ou olham para o outro.
Estruturas & utilizador III
Apenas solidão
Anton era um contratante, uma espécie de laboral perfilhado pela míngua do desejo, que suspirava modos de ternura através de papéis escritos sem cores, e avivava toda a memória de quem ansiava por mais qualquer coisa. Ele um dia aspirou possuir um desejo, ele que a tantos dava resposta.
Pedra
O que fazer aqui na morte sagrado dos Budas do Oriente maior,
Nas pirâmides não destruídas,
Famintas de maiores sonos e guerras,
Poluidoras do entre-cruzamento da real categoria dos espasmos
E dos medos como uma peneira sagrada,
O que fazer aqui quando ainda se treme de frio.
Calores Nocturnos
Não pensem que o medo é único
quando não se consegue medir.
A ignorância também contribui para os aumentos.
Qual subtilezas, qual quê? Eu vim cá para fora.
Toda a gente grita.
Permissões sexuais no conteúdo
O homem saiu para a noite. Silencios tenebrosos esperavam ao fim da escada que surgia ali. Quando ele-homem saiu toda a noite tinha caído. Sabemos bem como todos os homens que se procriam na noite saem estúpidos.
Zerox NON
Aqui morto eu!
Façam de mim a penúria maior!
Cantem os sinos de tronos partidos!
A rebate os mortos da forca maior!
Forca!
Para mim aqui morto eu!
Airf’Auga 4
Bronssi
THX – Sofia Bravo
Suicidiária e outros poemas – Bórgia Ginz
Venus of Kazabäika
Contos Normais – Bórgia Ginz
Capa e THX Series – Sofia Bravo
Metalurgia, por Juca Pimentel
Ali vai ele,
o coito!
Ali vai ela,
a sombra!
Om os meus olhos negros de panos
de censos e fúteis enganos
o último take da tua enodora exctimada, lodora,
tútril, enxangue, ólida, quesh´ra, parfidean, lockia,
loucura.
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