Airf’Auga
Bronssi
My body despedaçado
anseia pela tua existência.
Leve suave brisa do mar.
Não te amo de uma maneira
vã,
não te quero na comodidade
do meu abraço.
Quero-te violenta nos sonhos do amor.
Poesia do Nul
Poentes caídos na lama
e ventos futuros em rama:
tudo isso congemina a minha
alma de desaguçado e em frente morte.
Num embalo tétrico quanto sublime porque deixa rasto.
A antropofagia humana como condensação única, por Juca Pimentel
Fusis quebrados. O homem tende a ser encaminhado pelo outro. Um lado a lado com a miséria do outro. A inversão do erro não se dá. O espírito da discussão crítica das sonoridades interiores não se dá. A transmissão acontece na periferia do nojo. Roupa suja. Mental. Variações sem sentido do amor-próprio que mata o único condensamento possível: a irrealização atómica, supra-sonho, e além túmulo. Queimaduras? Nem por isso. Colocações senis e aprofundamentos ligeiros. No assombramento da consciência única que tornada Kitsh se manda « daqui » para « mim ». Anulamentos nada subtis. Periferias da zona. Um comércio das sensações básicas. Contratatempos fracos. Misérias condensadas.
THX, por Sofia Bravo
E se eu fosse a mais bela de todas as mulheres, o mais doce de todos os seres, a mais terna das criaturas, o que faria com tanto? Se não te tivesse a ti para me contemplar! E no entanto… não sou tudo isto, não sou nada disto, mas tu fazes-me sentir como tal. E tenho-te por efémeros momentos em Luas já altas, sendo a despedida sempre tão dolorosa e desajeitada. Parece prenunciar um fim inevitável, quando o que eu quero é apenas existir em ti!
Suicidiária e outros poemas, por Bórgia Ginz
Escrevo em desalento fortes sonhos castrados por mim Incógnitos de cor verde que me penetram para logo me Despejarem dor e acidez nos cabelos velhos e deslavados Que eu sei serem meus na escuridão do meu ventre só Estou ameno, colhido na turva água do dia findo Finalmente no arcanjo que chora com o gelo Nas suas mãos doidas de espinhos a fremir Ferozes pilares que se encontram adormecidos por baixo dos corpos Dos olhos de jóias perfuradas na noite pobre do meu querer
Venus of Kazabäika
O’, perco-me Toda!
Entro no Teu Dommynio de Sonho
e és a minha Funesta Maravilha.
Espero pelos Teus Anjos nos braços,
Gótticos Embates na minha Ventura,
e entretenho a minha Virtude
com os Tronos da Tua Pureza de Guerreiro.
Contos Normais, por Bórgia Ginz
Acordei tarde. Abri a portada de madeira da janela do meu quarto e vi como a noite se aproximava: mais alguns minutos e nada mais haveria do que a própria escuridão. Um sono fácil ter-me-ia rapidamente feito tombar por sobre a cama de lençóis desfeitos, mas quis ver até que ponto ainda dominava os meus músculos, e em verdadeiro esforço dirigi-me até à sala e retirei o maço de tabaco do bolso do casaco.
Água Fria
A mente é por natureza um poço de perversão. A supressão das mais elementares ilusões, que nos vibram golpes de encanto de vigor esplendoroso, significa a estupidificação de tudo o que nos faz ser e estar. Antes estar morto que mal vivo. Os cadáveres não procriam deformações. E a maior enfermidade dos grous da modernidade é serem eles tão somente a sua própria negação.
Para um golpe de estado
Temos o sonho entalado no meio dos nossos dentes amarelecidos pelo tempo. Temos toda a nossa intelectualidade metafísica dispersada na imensa miserabilidade do nosso corpo, e com isso sofremos todas as atrocidades que nos fazem arredar passo de toda a “outra” humanidade. O exagero das formas passa por ser hoje em dia uma verdadeira instituição comportamental, toda de beleza feita nas faces frescas dos jovens. Mas, até quando a juventude?, sendo que ela não é um posto vitalício? Não há explicação para a “criancice”. A não ser que a palavra mais correcta seja “sacanice”.
Sono
Entrei na morgue no dia mais feliz da minha infância. Os braços esticados, em forma de sono, impeliam-me majestosamente em direcção ao desconhecido por que eu tanto ansiava, em formas estridentes de loucura suave e pacífica. Encontrara pela primeira vez o verme longínquo e latente que me atormentara a consciência durante tantos anos, e a calma dos meus ossos assombrava a quietude do meu andar seguro pleno de convicção. Todas as dores em lençóis brancos sujos de mágoa, que eu visitara no meio do meu sono mais suave, desvaneciam-se agora sob o efeito de cada passo inclinado na escada sempre a subir do corredor que antecedia a porta alta e branca, de ferro lacado, pintalgada aqui e ali de manchas de ferrugem mais velhas do que eu.
Crónicas dos olhares por cima dos carros
-Oh, vem! Anda para cima de mim! Penetra-me bem fundo! Eu amo-te tanto. Tu nem sabes como eu te amo tanto, meu querido. Desde o primeiro dia, lembras-te? Estavas tu parado no apeadeiro do autocarro. Sorrias para uma criança que dançava à tua frente. E eu, quis logo agarrar esse teu sorriso com os dentes. Eras tão cândido! Oh! Vem para cá! Fura-me! Anda! Tu olhaste para mim e continuaste a sorrir, como se a partir desse momento também eu fosse criança, uma criança bela e despreocupada. Eu logo ali me despedi do mundo para me devotar a ti, meu amor…
Airf’Auga 1
Airf’Auga 1 – produzido e editado em 1994.
PÁRIAS, por Happuol Osogaarf
Mas,…
Várias…
Filosofia…
Hoje ou amanhã?
Talvez em tempo nenhum…
Talvez nunca…
Talvez sempre…
VISÕES, por Zombie
Forte como um touro raivoso me transforma…
Garras de ave de rapina me dá…
Loucura e precisão de ourives me fornece…
Os meus olhos
perscrutam ávidamente a paisagem nocturna,
que se desenrola por detrás das sombras fugidias
do comboio atrasado…