O Anjo matante
O Anjo matante
Anjos Maravilha Redux
Nas cidades estão os cheios de amor.
Como eles cantam os olhos na noite,
os sentidos na noite,
os mortos na noite,
e as miragens da além noite,
da cor toda no negro da noite apunhalada!,
mas como os olhos são mesmo
a noite dos sentidos mortos por punhais, miragens!
Vem-me a carnificina à cabeça.
Nas cidades estão cheios os de amor.
-Todos eles, os maravilha!
Ensaboados por peneiras e estertores de fome aquecida pelo nojo de sempre.
-Todos eles, os maravilha!
Eu evoluo por entr’eles e extingo romances.
Tenazes de ombros em fogo
e olhos lampejos de fúria,
no tronco despido do que se despiu morto,
mas morto sofrerá mais.
-Lembras-te quando éramos crianças
e tudo dançava à nossa volta
e assim mesmo o que apetecia era fugir?
-Ah, olha um sonho!
-Apetece-me trincar-te.
Nas cidades as crianças mortas estão cheias de amor.
As almas dos ancestrais bateram as portas e os ombros pesam agora uma eternidade de pós e escolhas várias,
sempre nuncas.
Eu evoluo por entr’eles e extingo romances.
Nas cidades estão cheios os de amor.
-Todos eles, os maravilha!
Ensaboados por peneiras e estertores de fome aquecida pelo nojo de sempre.
-Todos eles, os maravilha!
Juca Pimentel