A arte é a sublimação do engate
A arte é a sublimação do engate
O artista não é quando pensa que é. Ou então é o maior, se andar no engate. Toda a gente coloca os seus berloques, como penas de pavão da alma eléctrica que as endiabria. Uns é o porsche, outros é o curso ilimitado na maior Enfermaria do mundo, outros é o dinheiro assombroso que tudo dá, ou as mulheres que interessam pela quantidade. Uns dizem que amam em demasia, outros que nunca amaram senão a amargura. Mas toda a gente que coloca as suas penas ao lustro anda a querer engatar alguém…
« A arte que não seja para o engate é masturbação edonista do que tem os olhos fechados, ou com palas! O engate artístico é o sublime aroma da volúpia abstracta, e também da confusão dos sentidos. Mas é essencialmente a sensação contínua de que aquilo que se quer engatar é uma verdadeira obra de arte!«
In Cobaia Literária
Os platónicos cerebrais, os impotentes generativos, recriam a existência de um conceito desprovido de « interesse » negocial, a Arte, como se isso fosse possível entre seres humanos manifestamente indecentes. São ao mesmo tempo carne para a fornalha burguesa dos assimiladores de Arte, numa atitude bem « negocial » em volta de coisas que têm mais a ver com intestinos e cú. De todas as formas, a partir do alvo e com mais ou menos tripas pelo meio, poderemos sempre determinar quem é que cada qual quer engatar…
Juca Pimentel