Água Fria
Água Fria
-Projecto in verbis
por J.P.
A mente é por natureza um poço de perversão. A supressão das mais elementares ilusões, que nos vibram golpes de encanto de vigor esplendoroso, significa a estupidificação de tudo o que nos faz ser e estar. Antes estar morto que mal vivo. Os cadáveres não procriam deformações. E a maior enfermidade dos grous da modernidade é serem eles tão somente a sua própria negação. Uma imensidão de castrados que se arrasta pela civilização e geme de luxúria ao virar da esquina, com as frontes inflamadas na observação de um rabo bamboleante de mulher, todos a conspirarem um mau cheiro de nojo sobreaquecido, tudo a ver-se através dos olhos estúpidos de aves de rapina que voam à altura dos meus pés, tudo é extremamente porco! E deixem os cãezinhos em paz…
As pichas douradas dos jovens aquecidos ao rubro! Magia! Com as vestes incendiadas das mulheres que antes de o serem o desejariam ser! Com os cerebelos todos doidos no acolhimento de uma arte que apodrece entre os seus dedos! Com toda a miséria de todo o mundo amontoada por detrás da porta que enfeitam com corações e caras dos amores dos outros! Com a luxúria que aprendem nos filmes à Hollywood a fazerem-lhes cócegas nos rabos desproporcionais à inteligência, mas proporcionais à estupidez! Enormes! Eu digo: majestosamente enormes! Os rabos…
A majestade do mundo é precisamente tudo aquilo que felizmente o homem não alcança. Não fosse isso e os tomates enlatados dos homens que fornicam a arte há muito que teriam saído das suas latas velhas e nauseabundas para espalharem a sua letargia barata pelas latrinas municipais.
Um desespero fundamental.
Morram com a arte!