Bronssi
Pumbra
My body despedaçado
anseia pela tua existência.
Leve suave brisa do mar.
Não te amo de uma maneira
vã,
não te quero na comodidade
do meu abraço.
Quero-te violenta nos sonhos do amor.
Na Luz que incendeia os
olhos que choram baixinho.
O teu ventre sofre de mim.
O meu corpo sofre da tua plenitude.
És um beijo volátil do
tamanho do mundo.
Amo-te amei-te amar-te-ei
de todas
as cores dispersas.
E assim o meu vento
será sempre o teu vento,
feito de ondas de mar
da altura dos meus sonhos, enormes!
Os teus clarões de beleza,
aqueles
que os olhos permeiam de mansinho,
são-me totalmente pérolas em mim.
És o meu tudo.
Na tua morada do adeus
viste-me e amas-me?
O meu olho esquerdo vocifera
mil razões para te amar.
Se o teu olho viesse de encontro ao meu,
e assim juntos dançassem uma
balalaica de tempos imemoriais!
És demasiado diamante para
te ter apenas em carvão!
És o meu diamante mais puro!
Um leve odor de paixão
que eu retirei dos teus cabelos
é-me companhia.
Todos os meus passos estão
possuídos de ti.
Vejo-te nas esquinas,
aquelas que me querem muito
pois são cruzamentos de vidas,
vejo-te na garra dos pássaros
que passam em debandada e gritam amor,
pelos céus fora,
pela noite fora.
Vejo-te aqui e ali,
e nos dois sítios
ao mesmo tempo.
E ousas chamar a isso
outra coisa que não amor?
Diamante
Há sonho em
fim de tarde domingueiro,
em cor estilizado
e forte de pessegueiro construído.
Há corpos que se escapam
a mãos acolhedoras,
tão longe
se afiguram em
meias sombras renascidos.
Eu observo toda a gente com a
paixão de quem não tem nada…
Tudo são pérolas e diamantes,
pequenos cristais translúcidos que volteio suavemente
nos meus dedos ansiosos de recém-nascido.
Da mesa do café onde me encontro,
janela fechada para todo o meu passado,
eu antevejo as torres
torneadas a marfim do meu presente.
E alegro-me com isso…
E sinto-me todo,
sinto todos os meus músculos
prontos para a acção mais rápida,
sinto o meu cérebro capaz
do raciocínio mais genial,
mais impossível…
Oh! Não fosse eu apenas eu,
e poderia ser tudo e toda a gente!
Vejo mulheres a quem
gostaria de me dar,
vejo corpos que gostaria de sentir com
a palma da minha mão dourada,
vejo lábios
que gostaria de aflorar
com o meu beijo eterno…
Dia e noite
sonho com o meu Deus de prata
agigantado ao Infinito!
Consumindo
vidas em suaves embalos de torso despido,
com o Sol a dourar tudo,
fileiras intermináveis de prazeres
a enternecê-lo e a embriagá-lo.
Apoteoses febris de luxúria !!
E eu a dirigir
uma orquestra de mil instrumentos feitos de sonho!
Não existem dobras nem rugas verdes no meu semblante.
Uma Rainha cristalizada e purpúrea levanta o véu
sobre o meu olhar…
Metempsicose Aptúndica
Ontem aspirei um sonho…
Envolto em malvadez e desencanto,
fui seguindo pela tracção d’O envolto em penumbra.
E quis ser generoso com a dúbia
presença do estranho sentir de sucção
que metamórficamente me percorreu o corpo.
Quis acrescentar que estava solto,
num percurso sonâmbulo de permissividade oculta.
No entanto,
fui interceptado pela razão omnítica
de acordo com a perda de censo que
me foi invadindo lentamente,
após longas horas de meditação em
volta de um sexo aberrante.
Depois,
foi a loucura que tomou conta do
meu ser.
A pouco e pouco senti-me invadir de uma
loucura corporal tal
que decerto estaria flutuando
num qualquer antro derivante do Astral.
Era,
sem dúvida,
a Permanência Newtoniana que discorria a espaços.
Cruelmente real e aleatória que tal.
Por essa altura senti-me
ameaçado por algo exterior que não sei o quê.
Acordei…
…na minha cama, no meu quarto, na minha casa
num corpo que não era o meu…
Z
Filigrana pura
esvoaçante ao vento.
És bálsamo expelido de
mim para fora,
com candeias azuis e vermelhas
encastradas no teu seio desnudado.
Fere-se toda a lucidez
quando te toco;
um tilintar de copos vazio
que ecoa na minha mente
asfixia o teu olhar.
O teu olhar vermelho…
Com fumo à mistura,
em confusão estrambótica
de sensações sem sentido,
que a máscara me escapa
para todo o sempre.
Arde volátil todo o querer que
é antigo e de renome.
Uma mulher pura…
Uma recordação…
Estreito o teu sonho
no sonho do meu Amor.
Vejo a tua voz que me acaricia
palavras suaves de sono,
em lençóis brancos de paz.
Esses olhos em sombras projectados,
com as formas todas
vertidas nos teus lábios entreabertos.
O som de um beijo que cai
no fundo suave do corpo…
SMYNTHEUS (1)
dorso
torso
fim que ele escolhe
bum…
ar
vertigem
indício de côr
som
tom
a estrela é grande e foge-me
bum…
e
las
ti
ci
da
de
amena
do
fundo
da
alma
bum…
ouvem-se vozes de cantores mortos acima da
linha do horizonte decapitado pelos prédios altos…
vazio
sonho
narciso florido
explosão dupla
bum… bum…
(1) SMYNTHEUS é, em Antonin Artaud, Apolo Smyntheus: que é o
excedido, o extremado, o ponto de ruptura, o abcesso maduro.