Calores Nocturnos
Calores Nocturnos
Não pensem que o medo é único
quando não se consegue medir.
A ignorância também contribui para os aumentos.
Qual subtilezas, qual quê? Eu vim cá para fora.
Toda a gente grita.
Foste tú.
Foste tú.
Não se parecem coisas diferentes.
Pois o medo nasce do indiferente perante o que esteve.
Assim os olhos prendem o agora
como violetas.
Toda a gente chora.
Toda a gente berra.
Foste tú.
Foste tú.
Brisas nocturnas ao som da chuva caída.
Lá fora, no meio dos gritos,
não há nuncas nem fomes antigas,
apenas merda.
Foste tú,
foste tú.
Quem diria.
Que os elfos se matariam um dia como diamantes por
cortar.
Que os outros
iriam se perder na metamorfose do que não é.
Para nunca ser.
Amor, meu amor, estás tão longe,
e dizem-mem que és inconsciente.
Mas estás.
Não há mais prova da tua consciência.
Em mim,
nos calores nocturnos e teus olhos a brilhar.
Labirinto.
Crescem garras nos olhos famintos
de fumos negros e almas em sangue por mim,
deitado na asquerosa constatação do que é sempre:
nunca.
Como?
Pois que eu não estou presente na
fúria que mata, mas na tal que dilacera tudo.
Juca Pimentel