II
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De facto, as forças produtivas, por si só, não conseguem determinar a sua necessidade. Isto é, a sua necessidade será apenas valorativa sob o ponto de vista da sua orientação, do objecto final da sua actividade, e não como dogma assumido no seio da inércia: um operário é, logo existe. A ser assim, será satisfeita apenas a necessidade dos orientadores das forças produtivas, dos detentores únicos do capital. Toda a sociedade ocidental se encontra ainda no interior escondido da caverna intelectual. E isso passa-se no tremendo desconhecimento do mito provocador do sonho. O esquema de organização social actual poderá sintetizar-se na pirâmide adimensional cujo vértice superior/central é orientador de todas as estratosferas que directamente realizam o trabalho segundo as suas premissas fundamentais. É inegável que as pessoas vivem num tempo, só poderia ser assim (?), mas é também inegável que não são as pessoas a determinarem a qualidade desse tempo. As forças produtivas realizam o seu trabalho como se tratasse de uma missão, produzindo e consumindo os artefactos que o centro orientador determinou segundo teorias académicas de marketing e gestão criadas de uma forma suposta e risívelmente científica, não para sintetizar o real como forma de coabitação necessáriamente humana, mas antes para o transformar de acordo com o objectivo máximo em que se tornou o dinheiro/poder obtido a partir da transacção. Torna-se óbvio que são as teorias supostamente Sociais(istas) os principais motores do capital ao imprimirem no indivíduo a ideia inercial de que está determinada a sua função de operário. Restando apenas ao indivíduo a procura do retorno suficiente à possibilitação da satisfação dos desejos criados pelo próprio capital: a existência do condenado será mais prazenteira se as algemas forem confortáveis.
Bórgia Ginz