A Força
Em quê que se revela a força de uma pessoa? Nas suas acções, talvez. Na sua maneira de estar, talvez. Ou então em pequenos pormenores de ocasião, tal como a maneira como saúda alguém que já não vê há muito tempo, ou como ergue a taça de vinho à altura dos lábios para uma golada rápida. Ou então, na maneira como ama e facilmente esquece…
A força, entre homens, trata-se de uma coisa bem definida, medida por acções, por posições de firmeza em relação a certos assuntos. Um homem é forte quando se manifesta coerente, e aqui, até os músculos se revelam pouca coisa. É as ideias, a coerência das ideias, a dignidade dessas ideias, a tenacidade positiva, que torna o homem forte entre os homens. Já se vai abandonando a destreza dos músculos, a ligeireza do corpo, em favorecimento do ideal, da elevação moral. Com as mulheres, o caso complica-se. Que definição de força resulta face aos olhos das mulheres?
A mulher confunde muitas vezes fraqueza com respeito. É algo muito difícil de analisar e mesmo imperceptível a olho nu. E só quem alguma vez se confrontou com uma mulher em relação ao assunto poderá ter uma ideia de como assim é.
É um facto que a mulher gosta de ser cortejada pelo homem. Nem se trata já de algo social; é fisiológico. É hormonal. Após tantos anos em que a mulher esteve no tal pedestal ao qual os homens chegavam através da corte, a informação foi de tal modo apreendida que é como se um novo órgão tivesse nascido no seu corpo: o receptáculo da corte. Quando falo em corte, refiro-me obviamente aos seus aspectos actuais. O interesse, ou melhor, a demonstração de interesse por parte do homem.
Bórgia Ginz, in O Anormal